sábado, 21 de fevereiro de 2009

O Sr. do Olá


- Chamam-lhe o Senhor do Adeus, mas é o Senhor do Olá. Aquele que acena no Saldanha a partir da meia-noite. Sr. João Manuel Serra, tudo isto é solidão?
- Essa senhora é uma malvada, que me persegue pelas paredes vazias de casa. É para lhe escapar que venho para aqui. Acenar é a minha forma de comunicar, de sentir gente.
- Como noutros tempos?
- Como noutros tempos, que nem quando a minha mãe era viva e a vida soava a festa. Sabe, eu sou da idade em que os senhores usavam chapéu. No cinema era um horror, nós a querermos ver os amores e a elegância, aquela elegância toda a turvar-nos a vista.
- As senhoras falavam francês, tocavam piano...
- Oh, era maravilhoso! Era maravilhoso! Eu vi a Ginger Rogers na Broadway, o Aznavour no Moulin Rouge. Também vi a miséria na URSS, na União Soviética, e a «fiesta», a «fiesta» de Madrid…
- São quase duas da manhã e os carros não param de lhe apitar.
- Nem eu de lhes acenar. Só fico triste quando o movimento acaba e a rua fica vazia.
- Desde quando este passeio é a sua casa?
- Venho para esta praça desde que fiquei nas mãos de não ter ninguém. Começou por acaso… Eu andava pela rua, a espantar a madrugada, e as pessoas começaram a acenar-me. Respondi, correspondi – e agora é isto a minha vida. Tenho algo de vampiro – à noite não durmo, prefiro vaguear. Quando passa um carro antigo, lembro-me do meu pai. No tempo em que ter carro era um luxo raro, ele tinha um Dodge muito chique. Ainda bem que eu era novo, nessa altura. Se fosse velho, seria triste – sem carros, a quem acenaria?
- Quem lhe buzina mais?
-Toda a gente. Antes a diferença era entre Verão e Inverno, agora estamos na estação da crise. As pessoas rendem-se à bolsa vazia e ficam mais em casa.
- O mundo tem mudado bastante?
-Sim! Sim! É uma coisa fantástica! Até o cinema, que trocou a pieguice pela tecnologia. Oh, o que chorei a ver «E Tudo o Vento Levou»! Não imagina. Eu vivi de facto os grandes momentos do século passado: o lançamento da bomba atómica, a queda do muro de Berlim, a ida do homen à Lua.
-Viu pela televisão?
- Houve quem duvidasse, eu acreditei logo. Mas estou decepcionado, dizia-se que em 2000 já haveria viagens interplanetárias. Ora, eu tenho fintado bem a morte, mas começo a acreditar que é viagem que só farei de pálpebras cerradas e imaginação aberta.
- Iria acenar para Marte?
- Se lá houvesse carros e pessoas a quem acenar, e essa senhora malvada, que dá pela graça de solidão.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Fotos - ESTREIA - CCVF


Elisabete Magalhães

Manuel Sá Pessoa, Elisabete Magalhães e Tiago Barbosa



Miguel Cunha, Elisabete Magalhães, Teresa Santos, Filipe Costa e Tiago Barbosa

Elisabete Magalhães e Pedro Rodrigues

Teresa Santos, Domingos Freitas Pereira, Alexandrino Silva e Filipe Costa

Joana Antunes

Fotografias Susana Neves

Fotos Bastidores - Manual de Instruções - CCVF


Pedro Rodrigues, Rita Morais, Teresa Santos, Ana Caridade, Alexandre Cunha de Sá, Joana Antunes, Victor Hugo Pontes, Alexandrino Silva, Domingos Freitas Pereira, Filipe Costa, Zizina Moreira, Manuel Sá Pessoa e Tiago Barbosa

Victor Hugo Pontes

Zizina Moreira e Joana Antunes

Ana Caridade, Joana Antunes e Osvaldo Martins

Ângela Faria, Osvaldo Martins e Victor Hugo Pontes

Fotografias - Susana Neves

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Memórias - Residência em Guimarães


Foto Manuel Sá Pessoa

Foto Wilma Moutinho